Santo Isaac, o Sírio, Bispo de Nínive

Santo Isaac, o Sírio, Bispo de Nínive

(Homilia do Pe. James Thornton)

Santo Isaac, o Sírio, nasceu em Bet-Qatraje, na parte ocidental do Golfo Pérsico, próximo aos atuais Bahrein e Qatar. Tendo vivido na segunda metade do século VII, muito pouco se sabe a respeito dos detalhes de sua vida. Não sabemos nada, por exemplo, sobre sua família, o ano em que nasceu e nem em que ano veio a falecer. Através de seus escritos disponíveis, porém, sabemos que era um homem instruído e que se tornou monge em algum momento de sua juventude.

 

É documentado que o Hierarca regional, CatholicosGeorge I, visitou Bet-Qatraje no ano 676 e lá encontrou Santo Isaac, ficando tão impressionado com seus conhecimentos e dons espirituais, que logo o consagrou Bispo, enviando-o para o norte de Nínive (atual Mossul, Iraque). Todavia, após se passarem apenas cinco meses, o Santo renunciou ao cargo. A razão de sua renúncia não é clara, mas é possível que, sendo um homem dedicado à vida ascética, os deveres episcopais (que exigem uma considerável atenção a assuntos mundanos e um trato constante com pessoas por vezes grosseiras e teimosas) tenham se tornado intragáveis ​​para ele. Mas seja qual for a razão, o fato é que Santo Isaac se retirou de Nínive e a partir de então intensificou seus esforços ascéticos. 

 

Durante alguns anos, viveu como eremita, alimentando-se diariamente apenas de um pouco de pão e de alguns legumes não cozidos, dedicando seus dias a oração e a leitura de escritos espirituais. Na medida em que envelhecia, porém, começou a ter problemas de visão e, assim, se retirou para o Mosteiro de Rabban-Shapur, onde destinou o resto de sua vida a escrever suas próprias obras espirituais e ascética — de modo que pudesse compartilhar suas frutíferas experiências com seus irmãos em Cristo. 

 

Sobre Santo Isaac, São Nicolau de Ohrid & Žiča diz: "Ele é incomparável como escritor e guia na vida espiritual" [1]. Realmente, como isso é verdadeiro! Os sábios conselhos, provérbios e advertências do Grande Santo Padre perpassam todo o excelente manual de espiritualidade ortodoxa que é a Filocalia — de onde derivam, a propósito, estas seguintes palavras suas: "Esforça-te para entrar no santuário que há dentro de ti e, então, verás o Santuário do Céu: pois um é idêntico ao outro, e apenas uma é a porta que permite que tu contemplea ambos. A escada que conduz a esse Reino está oculta dentro de ti, isto é, dentro de tua alma: limpa-te do pecado e lá encontrará os degraus por meio dos quais poderás subir" [2]

 

Acerca de tais palavras, convém que lembremos que o modo de vida ortodoxo não visa — como o modo de vida dos sectários — a mera boa conduta, à boa cidadania e à ética convencional. Certamente, temos o dever de nos comportar moralmente, de obedecer às leis de nosso país (quando elas se conformam aos ensinamentos cristãos) e de sermos honestos e justos em nossas relações com os outros. Contudo, esse é apenas o primeiro passo, um "quase engatinhar", por assim dizer. Mas o Cristianismo Ortodoxo não é uma religião para se "quase engatinhar", antes, é uma ciência, ou melhor, a ciência da purificação espiritual.

 

A ciência médica nos ensina que, se quisermos permanecer fisicamente saudáveis, precisamos lavar nossas mãos e banhar nossos corpos periodicamente, bem como evitar o contato com objetos contaminados por bactérias nocivas e comer apenas alimentos limpos, frescos e bem preparados. Ninguém em sã consciência banharia seus animais de estimação, ou seus animais do curral, e em seguida começaria a preparar a própria comida, ou a efetivamente comer, antes de ter se limpado por completo — ninguém são comeria frango cru, ou um peixe deixado fora do local de conservação por vários dias, ou vegetais estragados. Fazer qualquer uma dessas coisas arriscaria em muito a integridade de nossos corpos físicos. Nesse sentido, a ciência médica moderna nos previne sobre a importância da higiene corporal e nos instrui a respeito dos resultados potencialmente letais de se negligenciar essas coisas. A Ortodoxia é semelhante à ciência médica, sendo ela própria uma ciência da alma — uma ciência da boa saúde espiritual. Ela também nos ensina que as "bactérias espirituais" devem ser evitadas; nos diz o que deve ser limpo durante nossa "higiene espiritual" e o que é espiritualmente seguro ingerir — e assim como a maioria das pessoas é rigorosa em se tratando de higiene corporal e validade dos alimentos que consomem, da mesma forma, os cristãos ortodoxos devem ser rigorosos em sua vida espiritual: porque a Ortodoxia, semelhante a ciência médica, também nos instrui no que concerne à saúde, especificamente, no concerne ao que é espiritualmente saudável e ao que é espiritualmente letal, nos prevenindo acerca das consequências de se negligenciar tais coisas.

 

O próprio Cristo nos ordena: "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" [3]. Aqui, Ele se refere à luta pela perfeição espiritual, ou seja, pela higiene espiritual perfeita. 

 

De nossas leituras do Novo Testamento, todos recordamos que os fariseus eram exteriormente santos e éticos. Pode-se dizer que eram "bons cidadãos" por excelência. Mas Cristo Jesus os condenou, tendo em vista o fato de que eram imperfeitos e sujos interiormente. O Maligno, assim, irá jurar para nós que a perfeição é impossível — em contraste, Cristo, que nos entende e é misericordioso para com o homem caído, afirma que a perfeição e a pureza espiritual estão ao nosso alcance. 

 

Santo Isaac, o Sírio, na passagem mencionada acima, escreve que devemos buscar os degraus para o Reino dos Céus dentro de nós — e que, para tanto, precisamos começar nos limpando do pecado. Mas se escolhermos não batalhar pela perfeição; se escolhermos não buscar os degraus para o Céu; se escolhermos não realizar nossa higiene, então estamos simplesmente perdidos — e o atributo elementar de ser um bom cidadão (ter a boa ética) não nos salvará.

 

Mas como podemos nos purificar? Todos sabemos a resposta a essa pergunta. Para nos purificar, precisamos obedecer aos Dez Mandamentos; obedecer aos Dois Mandamentos de Cristo; orar com arrependimento; jejuar de acordo com os requisitos da Igreja; preencher nossa mente com a beleza das Sagradas Escrituras e de outras obras espirituais ortodoxas; cultivar as virtudes, especialmente a humildade, em nossas vidas; nos confessarmos a um sacerdote e recebermos os Santos Mistérios frequentemente; dizer "não" às tentações, ou seja, exercitar o hábito de nos afastarmos de pensamentos espiritualmente nocivos no momento exato em que eles surgem à mente. 

 

Santo Isaac escreveu: "A impassibilidade não significa que um homem não sinta paixões" [4]. Em outras palavras, mesmo os grandes santos e ascetas são tentados — obviamente, o Mal nunca cessa de atacar. O ponto é que os grandes santos e ascetas, por meio de certos hábitos cuidadosamente cultivados, recusam receber, aceitar ou interagir minimamente com tais tentações.

 

Santo Isaac escreve em outro lugar: "O propósito do Advento do Salvador, quando Ele veio e nos deu Seus Mandamentos vitais como remédios capazes de nos purificar em nosso estado passional, era limpar nossa alma dos danos causados ​​pela primeira transgressão, fazendo-a retornar ao seu estado original. O que o remédio é para o corpo doente, os Mandamentos o são para a alma envolta por paixões" [5].

 

Nesse trecho, observamos que Santo Isaac também parte da analogia entre saúde física e saúde espiritual, fazendo uma comparação entre os medicamentos para o corpo doente e remédios para a alma doente. Por causa do pecado de Adão, nossos corpos se tornaram fracos e propensos àdoenças, tal como nossas almas "envoltas em paixões" e propensas à doença do pecado. No entanto, auxiliados pela Graça de Deus, está ao nosso alcance aniquilar os efeitos do pecado de Adão (não os efeitos sobre o corpo, que um dia perecerá, mas sobre nossas almas, criadas para a vida eterna).

 

Santo Isaac nos dirá: "A presente vida foi lhe dada para o arrependimento: não a desperdice em procuras vãs" [6]. E o que isso significa para nós, que vivemos no mundo? Significa que, enquanto todos nós, no mundo, temos deveres para com nossos cônjuges, filhos, parentes, vizinhos, profissões ou ocupações, para com nossos bairros, comunidades e nações, e assim por diante, igualmente, temos também deveres para com Deus e para com a conquista da salvação de nossas almas. Os deveres mundanos são relevantes, mas os relacionados a Deus são essenciais: eles devem vir primeiro. Colocar o mundo em primeiro lugar não passa de vaidade, visto que o que é mundano nos assegura, ou tenta assegurar, uma passagem agradável no tempo que temos nesta vida, ao passo que aquilo que é divino garante-nos a vida eterna.

 

Santo Isaac, o Sírio, ofertou os últimos anos de sua vida — anos em que esteve praticamente cego — ao registro de suas experiências espirituais: e isso ele fez por nós, para que nós e todos os cristãos pudéssemos usufruir de suas cargas. Escutemos atentamente a este Grande Santo Padre para que recuperemos a saúde espiritual, que era um atributo do homem quando foi criado por Deus e que o ser novamente através da ciência espiritual que é a Ortodoxia. 

______________

 

Notas:

 

[1] Bishop [St.] Nikolai Velimirović The Prologue from Ochrid: Lives of the Saints and Homilies for Every Day of the Year, trans. Mother Maria. Prologue, Vol.I, January, February, March (Birmingham, U.K.: Lazarica Press, 1985), p. 106.

 

[2] The Philokalia: The Complete Text, comp. St. Nikodimos of the Holy Mountain and St. Makarios of Corinth, trans. and ed. G.E.H. Palmer, Philip Sherrard, and [Bishop] Kallistos Ware, Vol. IV (London, U.K.: Faber & Faber, 1995), p. 202.

 

[3] St. Matthew 5:48

 

[4] http://www.roca.org/OA/137/137d.htm.

 

[5] Ibid.

 

[6] The Ascetical Homilies of Saint Isaac the Syrian, trans. Holy Transfigura.

 


Santo Isaac, o Sírio, Bispo de Nínive

(Homilia do Pe. James Thornton)

Santo Isaac, o Sírio, nasceu em Bet-Qatraje, na parte ocidental do Golfo Pérsico, próximo aos atuais Bahrein e Qatar. Tendo vivido na segunda metade do século VII, muito pouco se sabe a respeito dos detalhes de sua vida. Não sabemos nada, por exemplo, sobre sua família, o ano em que nasceu e nem em que ano veio a falecer. Através de seus escritos disponíveis, porém, sabemos que era um homem instruído e que se tornou monge em algum momento de sua juventude.

 

É documentado que o Hierarca regional, CatholicosGeorge I, visitou Bet-Qatraje no ano 676 e lá encontrou Santo Isaac, ficando tão impressionado com seus conhecimentos e dons espirituais, que logo o consagrou Bispo, enviando-o para o norte de Nínive (atual Mossul, Iraque). Todavia, após se passarem apenas cinco meses, o Santo renunciou ao cargo. A razão de sua renúncia não é clara, mas é possível que, sendo um homem dedicado à vida ascética, os deveres episcopais (que exigem uma considerável atenção a assuntos mundanos e um trato constante com pessoas por vezes grosseiras e teimosas) tenham se tornado intragáveis ​​para ele. Mas seja qual for a razão, o fato é que Santo Isaac se retirou de Nínive e a partir de então intensificou seus esforços ascéticos. 

 

Durante alguns anos, viveu como eremita, alimentando-se diariamente apenas de um pouco de pão e de alguns legumes não cozidos, dedicando seus dias a oração e a leitura de escritos espirituais. Na medida em que envelhecia, porém, começou a ter problemas de visão e, assim, se retirou para o Mosteiro de Rabban-Shapur, onde destinou o resto de sua vida a escrever suas próprias obras espirituais e ascética — de modo que pudesse compartilhar suas frutíferas experiências com seus irmãos em Cristo. 

 

Sobre Santo Isaac, São Nicolau de Ohrid & Žiča diz: "Ele é incomparável como escritor e guia na vida espiritual" [1]. Realmente, como isso é verdadeiro! Os sábios conselhos, provérbios e advertências do Grande Santo Padre perpassam todo o excelente manual de espiritualidade ortodoxa que é a Filocalia — de onde derivam, a propósito, estas seguintes palavras suas: "Esforça-te para entrar no santuário que há dentro de ti e, então, verás o Santuário do Céu: pois um é idêntico ao outro, e apenas uma é a porta que permite que tu contemplea ambos. A escada que conduz a esse Reino está oculta dentro de ti, isto é, dentro de tua alma: limpa-te do pecado e lá encontrará os degraus por meio dos quais poderás subir" [2]

 

Acerca de tais palavras, convém que lembremos que o modo de vida ortodoxo não visa — como o modo de vida dos sectários — a mera boa conduta, à boa cidadania e à ética convencional. Certamente, temos o dever de nos comportar moralmente, de obedecer às leis de nosso país (quando elas se conformam aos ensinamentos cristãos) e de sermos honestos e justos em nossas relações com os outros. Contudo, esse é apenas o primeiro passo, um "quase engatinhar", por assim dizer. Mas o Cristianismo Ortodoxo não é uma religião para se "quase engatinhar", antes, é uma ciência, ou melhor, a ciência da purificação espiritual.

 

A ciência médica nos ensina que, se quisermos permanecer fisicamente saudáveis, precisamos lavar nossas mãos e banhar nossos corpos periodicamente, bem como evitar o contato com objetos contaminados por bactérias nocivas e comer apenas alimentos limpos, frescos e bem preparados. Ninguém em sã consciência banharia seus animais de estimação, ou seus animais do curral, e em seguida começaria a preparar a própria comida, ou a efetivamente comer, antes de ter se limpado por completo — ninguém são comeria frango cru, ou um peixe deixado fora do local de conservação por vários dias, ou vegetais estragados. Fazer qualquer uma dessas coisas arriscaria em muito a integridade de nossos corpos físicos. Nesse sentido, a ciência médica moderna nos previne sobre a importância da higiene corporal e nos instrui a respeito dos resultados potencialmente letais de se negligenciar essas coisas. A Ortodoxia é semelhante à ciência médica, sendo ela própria uma ciência da alma — uma ciência da boa saúde espiritual. Ela também nos ensina que as "bactérias espirituais" devem ser evitadas; nos diz o que deve ser limpo durante nossa "higiene espiritual" e o que é espiritualmente seguro ingerir — e assim como a maioria das pessoas é rigorosa em se tratando de higiene corporal e validade dos alimentos que consomem, da mesma forma, os cristãos ortodoxos devem ser rigorosos em sua vida espiritual: porque a Ortodoxia, semelhante a ciência médica, também nos instrui no que concerne à saúde, especificamente, no concerne ao que é espiritualmente saudável e ao que é espiritualmente letal, nos prevenindo acerca das consequências de se negligenciar tais coisas.

 

O próprio Cristo nos ordena: "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" [3]. Aqui, Ele se refere à luta pela perfeição espiritual, ou seja, pela higiene espiritual perfeita. 

 

De nossas leituras do Novo Testamento, todos recordamos que os fariseus eram exteriormente santos e éticos. Pode-se dizer que eram "bons cidadãos" por excelência. Mas Cristo Jesus os condenou, tendo em vista o fato de que eram imperfeitos e sujos interiormente. O Maligno, assim, irá jurar para nós que a perfeição é impossível — em contraste, Cristo, que nos entende e é misericordioso para com o homem caído, afirma que a perfeição e a pureza espiritual estão ao nosso alcance. 

 

Santo Isaac, o Sírio, na passagem mencionada acima, escreve que devemos buscar os degraus para o Reino dos Céus dentro de nós — e que, para tanto, precisamos começar nos limpando do pecado. Mas se escolhermos não batalhar pela perfeição; se escolhermos não buscar os degraus para o Céu; se escolhermos não realizar nossa higiene, então estamos simplesmente perdidos — e o atributo elementar de ser um bom cidadão (ter a boa ética) não nos salvará.

 

Mas como podemos nos purificar? Todos sabemos a resposta a essa pergunta. Para nos purificar, precisamos obedecer aos Dez Mandamentos; obedecer aos Dois Mandamentos de Cristo; orar com arrependimento; jejuar de acordo com os requisitos da Igreja; preencher nossa mente com a beleza das Sagradas Escrituras e de outras obras espirituais ortodoxas; cultivar as virtudes, especialmente a humildade, em nossas vidas; nos confessarmos a um sacerdote e recebermos os Santos Mistérios frequentemente; dizer "não" às tentações, ou seja, exercitar o hábito de nos afastarmos de pensamentos espiritualmente nocivos no momento exato em que eles surgem à mente. 

 

Santo Isaac escreveu: "A impassibilidade não significa que um homem não sinta paixões" [4]. Em outras palavras, mesmo os grandes santos e ascetas são tentados — obviamente, o Mal nunca cessa de atacar. O ponto é que os grandes santos e ascetas, por meio de certos hábitos cuidadosamente cultivados, recusam receber, aceitar ou interagir minimamente com tais tentações.

 

Santo Isaac escreve em outro lugar: "O propósito do Advento do Salvador, quando Ele veio e nos deu Seus Mandamentos vitais como remédios capazes de nos purificar em nosso estado passional, era limpar nossa alma dos danos causados ​​pela primeira transgressão, fazendo-a retornar ao seu estado original. O que o remédio é para o corpo doente, os Mandamentos o são para a alma envolta por paixões" [5].

 

Nesse trecho, observamos que Santo Isaac também parte da analogia entre saúde física e saúde espiritual, fazendo uma comparação entre os medicamentos para o corpo doente e remédios para a alma doente. Por causa do pecado de Adão, nossos corpos se tornaram fracos e propensos àdoenças, tal como nossas almas "envoltas em paixões" e propensas à doença do pecado. No entanto, auxiliados pela Graça de Deus, está ao nosso alcance aniquilar os efeitos do pecado de Adão (não os efeitos sobre o corpo, que um dia perecerá, mas sobre nossas almas, criadas para a vida eterna).

 

Santo Isaac nos dirá: "A presente vida foi lhe dada para o arrependimento: não a desperdice em procuras vãs" [6]. E o que isso significa para nós, que vivemos no mundo? Significa que, enquanto todos nós, no mundo, temos deveres para com nossos cônjuges, filhos, parentes, vizinhos, profissões ou ocupações, para com nossos bairros, comunidades e nações, e assim por diante, igualmente, temos também deveres para com Deus e para com a conquista da salvação de nossas almas. Os deveres mundanos são relevantes, mas os relacionados a Deus são essenciais: eles devem vir primeiro. Colocar o mundo em primeiro lugar não passa de vaidade, visto que o que é mundano nos assegura, ou tenta assegurar, uma passagem agradável no tempo que temos nesta vida, ao passo que aquilo que é divino garante-nos a vida eterna.

 

Santo Isaac, o Sírio, ofertou os últimos anos de sua vida — anos em que esteve praticamente cego — ao registro de suas experiências espirituais: e isso ele fez por nós, para que nós e todos os cristãos pudéssemos usufruir de suas cargas. Escutemos atentamente a este Grande Santo Padre para que recuperemos a saúde espiritual, que era um atributo do homem quando foi criado por Deus e que o ser novamente através da ciência espiritual que é a Ortodoxia. 

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Notas:

 

[1] Bishop [St.] Nikolai Velimirović The Prologue from Ochrid: Lives of the Saints and Homilies for Every Day of the Year, trans. Mother Maria. Prologue, Vol.I, January, February, March (Birmingham, U.K.: Lazarica Press, 1985), p. 106.

 

[2] The Philokalia: The Complete Text, comp. St. Nikodimos of the Holy Mountain and St. Makarios of Corinth, trans. and ed. G.E.H. Palmer, Philip Sherrard, and [Bishop] Kallistos Ware, Vol. IV (London, U.K.: Faber & Faber, 1995), p. 202.

 

[3] St. Matthew 5:48

 

[4] http://www.roca.org/OA/137/137d.htm.

 

[5] Ibid.

 

[6] The Ascetical Homilies of Saint Isaac the Syrian, trans. Holy Transfigura.