MENSAGEM DO SANTO CONÍCLIO EPISCOPAL PARA O CLERO, MONGES, MONJAS E TODOS OS FILHOS ESPIRITUAIS DA IGREJA ORTODOXA RUSSA
Amados no Senhor veneráveis padres, monges e monjas que amam a Deus, queridos irmãos e irmãs,
O Santo Concílio Episcopal, que teve lugar em Moscou, do dia 29 de Outubro ao dia 02 de Dezembro de 2017 na Cidade de Moscou na Catedral de Cristo Salvador, cumprimenta todos vós com as palavras da saudação apostólica: “O Deus que concede perseverança e ânimo dê-lhes um espirito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." (Romanos 15:5-6).
Ao dar graças ao Criador, Provedor e Doador de todos os bens, nós, em oração, retomamos um dos mais importantes eventos na história da nossa Igreja, cujo centenário está sendo marcado este ano. Este é a abertura do Santo Concílio Episcopal da Igreja Ortodoxa Russa em 1917-1918, e a restauração de Patriarca.
Um dos principais atos do Concílio – a eleição do Santo Bispo Tikhon ao Trono Patriarcal de Moscou – coincide com o começo da cruel perseguição à Igreja de Deus. Nossa terra foi tingida de vermelho com o sangue inocente dos primeiros mártires na história moderna. Brevemente, iniquidade e arbitrariedade em relação à Igreja se tornaram comuns. Nessas perseguições e sofrimentos por Cristo, uma grande multidão de filhos da Igreja manifestou seu ato heroico de fé e coragem, aceitou sua morte e a “incorruptível Coroa da Glória” (1Pedro 5:4). Foi um tempo de terrível tribulação para os povos de nossa Pátria. Como resultado, o país esteve à beira da destruição. Mas pelas orações de São Tikhon e da Hoste dos Novos Mártires e Confessores da Igreja Russa, o Senhor concedeu Sua Misericórdia ao povo e não permitiu o triunfo definitivo do mal. Hoje nós exclamamos, em agradecimento, junto do Salmista: “o Senhor me castigou severamente mas não me entregou à morte” (Salmo 117:18).
Rememorando os eventos trágicos do Século XX e meditando em sua causa, nós devemos, com profunda humildade e sincera convicção, testemunhar diante daqueles que estão perto ou distante de nós a principal lição do século passado: sem Deus nenhum Estado ou construção social pode levar à prosperidade. A história mostra que as atitudes, geradas por provocações políticas, incluindo aquelas que apelam à justiça social, são ruinosas para o Estado e destrutivas para o povo. Representantes de todas as camadas da sociedade devem exercer todos os seus esforços em impedir a repetição dos erros que no último século levaram ao sofrimento e à morte de muitas pessoas e à destruição total de nosso Estado.
Nós testemunhamos a imutável natureza da Missão da Igreja, que o Senhor adquiriu com Seu Próprio Sangue (Atos 20:28) com fim de conceder ao povo unidade com Deus. Todos os trabalhadores na Vinheira de Cristo devem lembrar que o papel fundamental da pregação da Igreja dos Santos Apóstolos ao fim do mundo é a Boa Nova da Salvação, garantida através da Cruz e da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. A coisa mais importante para a qual um pastor é chamado é a celebração da Divina Liturgia, uma vez que oferta do Sacrifício Incruento de graças “por tudo e por todos” é o maior e mais importante de todos os atos na terra.
Glorificando “em uma só voz e um só coração” o Pai Celestial e Nosso Senhor Jesus Cristo, nós, os membros do Concílio Episcopal, testemunhamos o fato de que através das orações de intercessão dos Novos Mártires e Confessores da Rússia diante do Trono do Altíssimo, através de uma multidão de bispos, clérigos, monges, monjas e leigos, a causa de construção da Igreja continua a se desenvolver. Locais sagrados estão sendo restaurados, novas igrejas estão sendo construídas, inúmeros internos de mosteiros ortodoxos estão assumindo o grande feito da vida monástica, o número de projetos caritativos da Igreja está crescendo e o trabalho da Igreja apoiando a família, mães e crianças, está se fortalecendo. Uma alegria especial se evoca pelo sucesso no campo de trabalho da juventude, incluindo o desenvolvimento de serviço voluntário nas dioceses e paróquias, assim como levar as crianças à Igreja nas escolas dominicais e outros projetos educacionais da Igreja.
Os dias do Concílio Episcopal nos trouxeram a alegria de comunicarmos com os Primeiros Hierarcas e representantes das Igrejas Ortodoxas Locais que vieram a Moscou para participar das festividades na ocasião do centésimo aniversário da Entronização Patriarcal do Santo Bispo Tikhon. Essa expressão visível da unidade ortodoxa tem um significado especial hoje, quando muitos cristãos que são perseguidos por sua fé precisam ardentemente de nossa oração e ativa intercessão. Nós apreciamos a solidariedade cristã porque nós sabemos o quão isto é importante e necessário para aqueles que suportam adversidades e tribulações, da mesma forma que foi o apoio de todo o povo de boa vontade durante o tempo da perseguição à fé e à Igreja na nossa pátria russa.
Sim, pela Graça de Deus, nós reerguemos catedrais magníficas, nossas igrejas estão sendo adornadas , refletindo a beleza em sua construção. Contudo, nós não podemos nos esquecer daqueles que são expulsos de suas igrejas, que são explodidos e assassinados por terroristas. Nós somos chamados a defender corajosamente e firmemente os valores cristãos que hoje estão sendo eliminados da vida de muitas nações. O exemplo das primeiras comunidades apostólicas, quando os mais favorecidos enviaram ajuda material aos menos favorecidos, nos inspira a cuidar dos cristãos ortodoxos que estão sofrendo dificuldades e sofrendo com guerra ou terrorismo
Nos dias do Concílio Episcopal nós nos familiarizamos com os resultados preliminares da pesquisa realizada com o objetivo de identificar “os restos de Ekaterinenburgo”. Nós expressamos a esperança de que com a compilação dos resultados a verdade seja revelada quanto à proveniência dos restos acima mencionados.
Com a ação de graças à boa dispensação de Deus, o Concílio atesta a exibição de toda uma hoste de Santos para a veneração em toda a Igreja.
Ao recordar as provações que foram suportadas por nossos pais e agora sofridas por muitos cristãos, preservemos a unidade da Igreja em oração em cada serviço pelo "bem-estar da Santa Igreja de Deus e a união de todos", como Cristo orou pela união dos cristãos e para que levem uma vida pacífica.
Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós. (Tessalonicenses 3.16). Amém.
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